Bazar de Poesia é um espetáculo cênico da Dueto Produções Culturais e Artísticas Ltda., e foi criado para prestar uma homenagem à Poesia Infantil e Juvenil Brasileira. O trabalho "costura" poemas de diversas épocas, autores e autoras e propõe um passeio inusitado pela palavra em estado de "descobrimento", como Mario Quintana propõe a articulação da linguagem nos poemas, ou em "grau de brinquedo", como Manoel de Barros se refere ao estado que a palavra precisa alcançar para "ser séria de rir".
     De maneira geral, a dramaturgia tematiza a necessidade intrínseca que o ser humano tem do belo, do sensível e do poético, que se encontram nas diversas manifestações artísticas, principalmente na literária. O poético a que nos referimos está presente nos poemas escolhidos, mas também na produção artística do espetáculo, que conta com figurinos, cenários e objetos de cena criados (ou reaproveitados) a partir dos poemas, no trabalho desenvolvido pelos atores na construção dos personagens e no jogo que se estabelece entre eles. 
     Bazar de Poesia é indicado principalmente para crianças, adolescentes e jovens, mas pode ser assistido por espectadores de todas as idades. Pela proposta levada à cena, o espetáculo é apropriado para compor a programação de feiras de livros, eventos literários, saraus e demais eventos ligados à literatura e à leitura. 


Roteiro (pesquisa e dramaturgia) e direção
Fabiano Tadeu Grazioli

Atuação (montagem de 2011)
Fernando Benedetti
Zuka Rossi

Cenário, figurino adereços e objetos de cena (pesquisa e criação)
Jolcinei Luis Bragagnolo

Sonoplastia
Fernando Benedetti (violão, pandeiro)
Zuka Rossi (canto)

Iluminação
Fabiano Tadeu Grazioli

     



      Fulano e Fulana são “gente simples, trabalham de dia para comer de noite”, conforme eles mesmos afirmam. No bazar que empurram de rua em rua realizam venda ou troca de “ferro velho, vasilhame, cacareco e bugiganga”, ou simplesmente “utilitários”, nas palavras de Fulana. Na lida diária, o casal descobre de maneira inusitada que cada objeto guarda uma carga de poesia que, se percebida, pode mudar suas vidas e a maneira como percebem o mundo. É assim que os cacarecos e bugigangas do bazar vão conduzindo os personagens e o público por um lúdico e inusitado passeio pela Poesia Infantil e Juvenil Brasileira de diversas épocas, principalmente, pela contemporânea. 


      Na apresentação da 19ª edição de Isto ou Aquilo, de Cecília Meireles, Luciane Sandroni afirma que os poemas ali contidos “se soltam facilmente das páginas e voam pelos ares”. Quando li isso, fiquei pensando: é imensa a galeria de poetas da Literatura Infantil e Juvenil Brasileira que, como Cecília, constroem poemas que se soltam facilmente das páginas e, se tais poemas “voam pelos ares”, eles podem aterrissar em outros espaços e compor outras linguagens artísticas.  
      Não tenho certeza, mas acho que foi assim que nasceu em mim o desejo de buscar uma linguagem, no teatro, que pudesse acolher poemas de autores e autoras de diversas épocas da Literatura Brasileira, principalmente contemporâneos, que oferecem ao jovem leitor experiências estéticas significativas.
      Mas minha busca, para além de poemas inusitados, que privilegiam o aspecto lúdico, intuitivo e inteligente da linguagem poética, pautou-se por dois quesitos: busquei aqueles que dessem margem ao jogo e à improvisação, pois era necessário lidar com a linguagem teatral em sua essência; e que pudessem ser agrupados em um roteiro que busca basicamente falar da poesia em seu conceito amplo, que habita nos textos literários, mas que também, “se a pessoa tiver um olhar enviesado”, conforme diz uma das personagens do espetáculo, pode ser percebida mundo a fora... 
     A concepção estético-visual do espetáculo investe nesta dimensão lúdica e poética e se deixa atravessar por ela, de modo que o argumento da narrativa dramática se revela também na  linguagem do espetáculo, híbrida por natureza, e que em Bazar de poesia acaba por convidar o público a realizar um exercício de metalinguagem, já que as provocações, para além da dramaturgia, deixam-se perceber nos diversos elementos cênicos. 
      Esses foram os passos iniciais de Bazar de poesia, que nasce despretensioso, mas intenso, simples, mas poético, e dá continuidade à pesquisa sobre o poema e a cena dramática que desenvolvi em 2005/2006 a partir da montagem do espetáculo Quintana in Cômoda, destaque no Estado e no país no ano do centenário de Mario Quintana.
                                                                    
Fabiano Tadeu Grazioli
                                   Diretor de Teatro (DRT 8177) 
 Doutor em Estudos Literários 


I M A G E N S (Montagem 2011)